Como tornar a demência é uma doença inevitável
Dra. Ana Olívia Montebelo
Neuropsicóloga – CRP: 06/76785
O declínio cognitivo é inerente ao ser humano sobretudo na fase senil, e esquecimentos fazem parte do processo de envelhecimento normal. Esse tipo de declínio deve ser encarado com naturalidade desde que sejam excluídos prejuízos na vida cotidiana, na funcionalidade e na rotina familiar.
O medo de que declínios cognitivos atestem a existência de quadros demenciais é um sentimento que revoa entre familiares cujos membros estão envelhecendo, e esse sentimento pode ser potencializado quando estamos falando de pessoas do sexo feminino posto que, proporcionalmente, por viverem mais tempo, apresentam maiores chances de serem acometidas por quadros demenciais.
Há ainda outros fatores de risco ligados ao acometimento de quadros demenciais em mulheres: quadros depressivos e isolamento social, menopausa cirúrgica, pré-eclâmpsia no período gestacional e, surpreendentemente, atividades laborais que envolvam o cuidado de outrem.
Apesar dos quadros demenciais serem frequentemente modulados pela genética, a boa notícia é que em países de alta renda sua prevalência vem diminuindo e isso pode indicar que alguns fatores de risco são modificáveis. Perece então ser errado assumir que a demência é uma doença inevitável, sobretudo quando observados fatores de riscos que envolvam tabagismo, hábitos alimentares, nível educacional, além dos fatores supracitados.
A Comissão para Prevenção e Cuidados da Demência da Lancet recomenda que “ser ambicioso em relação à prevenção da demência” é mais eficiente do que tratar a doença, e embora o diagnóstico se dê em idade mais avançada as alterações cerebrais podem começar a acontecer décadas antes do diagnóstico.
Pesquisas para melhor compreensão do motivo pelo qual mulheres são mais acometidas pela demência seguem em andamento, mas enquanto não temos total clareza dessas razões sigamos ambiciosos em ações preventivas como: melhorar níveis educacionais, tratar depressão, controlar hipertensão, cuidar da perda de audição para evitar diminuição nas interações sociais, aprimorar o contato social, combater a obesidade, evitar a diabetes, evitar o tabagismo e fazer atividades físicas.