Herpes Zoaster: tudo que você precisa saber sobre transmissão e tratamento

DANIELE SCHERER BLOG

Dra. Daniele Scherer
Médica Reumatologista – CRM: 165380

Como se dá a sua transmissão? Quer dizer, é possível “pegar” o herpes de outra pessoa?


De forma menos comum, o herpes pode ser transmitido à outras pessoas através das secreções respiratórias da pessoa doente (gotículas) ou pelo contato direto nas lesões que estão na fase de vesícula. O tempo de transmissão vai de 1 a 2 dias antes da erupção até 5 dias após o surgimento do primeiro grupo de vesículas. Enquanto houver vesículas, a infecção é possível.


Lembrando: a maioria dos casos vai acontecer por reativação do vírus que já fica incubado nos nervos após a infeção por varicela, mais comum na infância.

Qual o tratamento para o Herpes Zoaster?
O tratamento envolve o uso de antivirais, como o aciclovir. A depender da extensão das lesões pode estar indicado o uso endovenoso. Por gerar muita dor, analgésicos podem ser necessários.; E nos quadros mais extensos é importante o acompanhamento médico devido ao risco de evolução para NEUROPATIA HERPÉTICA.

O que é uma DOENÇA AUTOIMUNE?

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Dra. Daniele Scherer
Médica Reumatologista – CRM: 165380

Como conversamos na semana passada, nosso sistema imune é feito para nos defender de invasores, como vírus, bactérias ou até células cancerígenas, por exemplo. Esses agentes possuem moléculas que são reconhecidas pelas células de defesa, chamadas de ANTÍGENOS.

Acontece que nossas próprias células (sim, as células dos nossos órgãos – pele, rim, pulmão, sangue) também possuem antígenos, que normalmente não despertam o reconhecimento do sistema imune por serem considerados próprios.

Em algumas pessoas, porém, o sistema imune começa a reconhecer os PRÓPRIOS antígenos (ou seja, as próprias células) como estranhas ou invasoras, iniciando um ataque que leva à inflamação e morte celular. Esta é a chamada resposta AUTOIMUNE – que pode acontecer em diversas doenças e levar à perda da função de um órgão ou sistema.

Não se sabe ao certo a causa desta reação autoimune – sabemos que existe uma predisposição genética e gatilhos que podem desencadear a doença, como infecções ou outras lesões teciduais.

Tomei a vacina contra a covid-19. E agora, vale a pena coletar a sorologia (dosar anticorpos)?

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Dra. Daniele Scherer
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Em 23 de março de 2021 a Sociedade Brasileira de Imunizações emitiu uma nota técnica NÃO recomendando a realização de sorologia para avaliar a resposta imunológica às vacinas da COVID-19.

Conforme a Nota técnica, “a complexidade da imunidade pós-vacinal ou mesmo após doença natural, no entanto, não corrobora a realização dos testes, pois os resultados não traduzem a situação individual de proteção.”

E o que isso quer dizer?

Quer dizer que a resposta de imunidade é muito mais complexa do que a produção de anticorpos. Sabemos que a exposição ao vírus pode desencadear a produção de anticorpos geralmente dosados em tais exames (os famosos Igg+) mas também estimula os LINFÓCITOS T – ou imunidade celular – permitindo que se formem células de memória; sendo assim, se exposto novamente ao vírus após a vacinação, tais linfócitos de memória agem de imediato estimulando a imunidade inata e, novamente, formação de anticorpos. Testes laboratoriais para detecção de linfócitos T específicos para um determinado patógeno são complexos e caros, realizados em determinados centros de pesquisa, não estando disponíveis na prática clínica.

E mais: a presença de anticorpos (IGG ou neutralizantes) NÃO DEVE ser considerada um “passaporte para a liberdade”. Sabemos que a vacina é capaz de reduzir de forma expressiva a gravidade dos sintomas, mas não evita a doença. Sendo assim, enquanto o vírus continuar com grande circulação dentre a população, mesmo vacinado você pode se infectar, adoecer e transmitir!

Por isso, enquanto não atingimos níveis de vacinação em massa em nosso país, precisamos manter todas as medidas de precaução!

O que é reumatologia?

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Dra. Daniele Scherer
Médica Reumatologista – CRM: 165380

De acordo com o dicionário…
Reu.ma.to.lo.gi.a: substantivo feminino; Parte da medicina que estuda os diversos tipos de reumatismo, e, p. ext., das afecções do aparelho locomotor (ossos, articulações, músculos).

Nem essa definição do dicionário ajudou muito, não é mesmo?

Reumatologia é a área da medicina que se dedica à investigação, diagnóstico de tratamento clínico das diversas doenças não traumáticas que acometem o sistema musculoesquelético. Estão incluídas, por exemplo, as artroses, dores na coluna, bursites e tendinites, fibromialgia, osteoporose, gota e também uma série de doenças inflamatórias autoimunes – como o lúpus, artrite reumatoide, esclerose sistêmica, vasculites e espondilite anquilosante.

Quanto nome diferente, né?

Acompanha aqui que devagar vamos falando a respeito das doenças e conhecendo melhor todas elas!

Quais os pilares do tratamento da FIBROAMIALGIA?

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Dra. Daniele Scherer
Médica Reumatologista – CRM: 165380

Muito se fala hoje – às vezes até em teorias milagrosas para a cura da fibromialgia.. mas fato é que a FIBROMIALGIA é uma doença CRÔNICA – e assim precisaremos cuidar dela durante toda a vida. E quando falamos em tratamento, procuramos sempre o que há em medicina baseada em evidência.


Podemos dizer que são 4 os pilares de tratamento:

1. Educação do paciente: é essencial compreender a doença, como ela funciona (que há fatores genéticos que não mudam, porém existe uma extrema relação entre a doença e estilo de vida, sedentarismo, estresse, etc) e entender o porquê de cada tratamento – conversar com seu médico é fundamental!

2. Exercício físico: a atividade física é o único tratamento com “nível de evidência A” – ou seja, não há controvérsias de que o exercício melhora a dor! Ele diminui a sensibilização e ativa as vias de inibição de dor. Na verdade a atividade física funciona como uma cápsula de medicamento! E quanto mais regular, mais efetivo! Importante começar devagar – ter um plano a longo prazo! Precisamos vencer o medo de se movimentar.

3. Medicações aprovadas para o tratamento da fibromialgia – essas são principalmente os antidepresivos duais e anticonvulsivantes. Estas medicações devem ser prescritas e acompanhadas de perto – para reavaliar a dosagem adequada e possíveis também efeitos colaterais.

4. Psicoterapia: por último mas não menos importante! É extremamente necessário aprender a identificar dificuldades de enfrentamento/ adaptação a situações de estresse. A terapia cognitivo-compartamental auxilia o paciente criar estratégias e lidar melhor com situações gatilho de dor. Terapias que envolvem meditação e ioga também mostram benefício.

Outros tratamentos como canabidiol, estimulação magnética transcraniana e hipnose têm sido estudados, porém ainda não temos protocolos bem estabelecidos para o seu uso na fibromialgia. Não há evidência que defenda o uso de reposição hormonal (na ausência de deficiência comprovada) bem como dietas restritivas ou hemoterapia no tratamento da fibromialgia.

COMO DESCOBRIR SE TENHO FIBROMIALGIA?

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Dra. Daniele Scherer
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📝 O diagnóstico da fibromialgia é CLÍNICO. O que isso quer dizer? Que você precisa ser avaliado por um bom médico, e através da história e exame físico a hipótese de fibromialgia é levantada.

📝 Os novos critérios do Colégio Americano de Reumatologia (2016) incluem a presença de dor difusa (em “todo o corpo”) por mais de 3 meses. Antigamente era necessário contar os “tender points” – ou pontos dolorosos. Hoje isso não é mais essencial, pois apesar de frequentes no exame físico podem existir “oscilações” na presença desses pontos (dias melhores ou piores de dor). Também é característico da doença o sono ruim e fadiga.

📝 É importante investigar e excluir outras causas de dor difusa, como doenças reumatológicas, neurológicas e distúrbios hormonais, por exemplo. Para isso, o mais adequado é na avaliação inicial realizar exames que possam afastar tais causas!

‼️ Vale lembrar que conforme a última Diretriz Brasileira para Diagnóstico da Fibromialgia, apesar do amplo uso da termografia, os estudos não demonstram um padrão de alteração termográfica e não há, até o momento, informação consistente que avalie o uso da termografia em pacientes com fibromialgia.

Doenças reumáticas e as vacinas para COVID-19

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Dra. Daniele Sherer
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Hoje é dia de dar uma pausa nas lombalgias e falar sobre Covid: o que temos até o momento a respeito da vacinação em pacientes com doenças reumatológicas?

Recentemente a SBR ( Sociedade Brasileira de Reumatologia ) publicou algumas orientações sobre esse assunto. Em resumo:

– A decisão de vacinar deve ser individualizada, considerando idade, doença de base, medicações em uso, atividade da doença e comorbidades;
– Pacientes jovens, sem comorbidades, com doença controlada e com baixa ou nenhuma imunossupressão não devem ser enquadrados no grupo prioritário;
– Pacientes com doença reumatológica em atividade, em uso de doses altas de corticoide ou ciclofosfamida, poderiam ser incluídos no grupo prioritário para vacinação;
– Os pacientes com outras comorbidades (DPOC, diabetes, hipertensão, problemas cardíacos, obesidade e doença renal crônica) incluídos em grupo de risco devem ser vacinados conforme cronograma do Ministério da Saúde;
– Sempre melhor vacinar se a doença reumatológica estiver controlada! Se atividade grave ou imunossupressão a decisão deve ser compartilhada com o reumatologista!

Essas são algumas das recomendações atuais!

Você sabe o que é osteoporose?

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Dra. Daniele Scherer
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Diferentemente do que algumas vezes dizem por aí, a OSTEOPOROSE costuma ser uma doença SILENCIOSA – na maioria das vezes não dói e acaba sendo descoberta quando você apresenta uma fratura. As fraturas por osteoporose ocorrem mais frequentemente nas vértebras (coluna), no rádio distal (punho) e no fêmur proximal (quadril).⁣

A osteoporose é a principal causa de fraturas na população acima de 50 anos. Afeta especialmente as mulheres na pós-menopausa e idosos. Ela acontece quando há uma perda de massa óssea ou pela perda da estrutura/ qualidade do osso. ⁣

Os principais fatores de risco são:⁣
– Idade
– Sexo feminino
– Etnia branca ou oriental
– História prévia pessoal e familiar de fratura
– Perda de massa óssea no fêmur
– Baixo índice de massa corporal (IMC)⁣
– Uso de glicocorticoide oral
– Fatores ambientais, inclusive o tabagismo, ingestão abusiva de bebidas alcoólicas (≥ três unidades ao dia)⁣
– Sedentarismo
– Baixa ingestão de cálcio na dieta

É Necessário Ter o Fator Reumatoide Positivo?

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Dra. Daniele Scherer
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Vamos do começo: o fator reumatoide é um anticorpo produzido pelo nosso sistema imune, e podemos avaliar sua presença através do exame de sangue.

É importante saber que o FATOR REUMATOIDE (FR) está presente em até 4% da população jovem saudável e em até 25% dos idosos saudáveis. ⁣

Ou seja, sua presença, não necessariamente, indica doença! Pode aparecer também em infecções crônicas, em tabagistas…⁣

E também é importante esclarecer que a ausência do FR não exclui o diagnóstico de artrite reumatoide – alguns estudos mostram que na fase inicial da doença até 50% dos pacientes podem ter o FR negativo. Hoje utilizamos também a pesquisa do ANTI-CCP – anticorpo mais específico e sensível para AR.⁣

Como sempre falo para os meus pacientes: nunca tratamos um exame! O diagnóstico é o conjunto da história, sintomas, alterações clínicas e laboratoriais!⁣

Quando suspeitar de Artrite Reumatoide?

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Dra. Daniele Scherer
Reumatologista – CRM: 165380

A ARTRITE REUMATOIDE (AR) é uma doença inflamatória crônica, com potencial de dano articular irreversível – por isso a identificação dos quadros precoces passa a ser tão importante.⁣ Tão importante que, mais recentemente, passamos a chamar de “artrite reumatoide inicial” os primeiros 12 meses de sintomas da doença – reconhecidamente uma janela de oportunidade terapêutica.⁣

A queixa clínica mais comum é de dor, inchaço e limitação dos movimentos das articulações acometidas⁣. Geralmente, leva à inflamação de 4 ou mais articulações, apesar de, inicialmente, poder inflamar menos articulações. Costuma mais frequentemente acometer as pequenas articulações das mãos e punhos, porém, é possível levar a artrite de grandes articulações, como o quadril. Frequentemente é simétrica (acontece dos dois lados do corpo) e pode causar intensa rigidez das articulações no período da manhã, por mais de 30 minutos.

Também existem manifestações extra-articulares – como inflamações pulmonares, nódulos cutâneos, alterações oculares e vasculite, manifestações bem mais raras.

Quando existe a suspeita da doença, após investigação e exclusão de outras doenças que possam causar artrite (como infecções, por exemplo), podemos lançar mão de exames de sangue comprovem a presença de inflamação sistêmica (como eletroforese de proteínas, Proteína C reativa, velocidade de hemossedimentação) e pesquisar anticorpos que podem estar presentes na artrite reumatoide – como o fator reumatoide e o anto-CCP.

No próximo post falaremos mais a respeito dos exames destes exames.

Importante lembrar: o diagnóstico da AR é estabelecido considerando-se achados clínicos e exames complementares. Nenhum teste isolado, seja laboratorial, de imagem ou histopatológico, confirma o diagnóstico!