Dra. Renata Carvalho
Médica psiquiatra
CRM-SP: 165707 / RQE: 67553

Viver ao lado de alguém com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) pode ser desafiador. Não pela falta de afeto, mas pela diferença de funcionamento — muitas vezes mal compreendida. É como caminhar ao lado de quem está em outra frequência. Não é fácil, mas é possível. E com o olhar certo, pode ser transformador.
TDAH não é descuido: é neurobiologia
O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento. Isso significa que há um funcionamento cerebral diferente, especialmente em áreas ligadas à atenção, impulsividade e regulação emocional. Não é falta de esforço. Não é desleixo. E muito menos escolha.
Muitas vezes, a pessoa com TDAH convive com críticas contínuas desde a infância. Frases como “você é preguiçoso” ou “você nunca termina nada” não ajudam. Elas perpetuam a culpa e minam a autoestima. O impacto emocional disso pode ser profundo.
Quando a expectativa não combina com a realidade
Esperar que alguém com TDAH siga o mesmo ritmo, organização e foco de quem não vive com esse transtorno é fonte constante de frustração — para ambos. É como exigir que um rádio sintonize uma frequência que ele não capta.
Essa frustração leva a desgastes relacionais: cobranças excessivas, brigas recorrentes e sensação de esgotamento. Para quem convive, a sensação pode ser de solidão. Para quem tem TDAH, a sensação é de fracasso contínuo.
Relações mais leves começam com compreensão
Compreender o TDAH é o primeiro passo para criar um ambiente de apoio — não de sobrecarga. Aqui, pequenas ações fazem diferença:
- Repetir com calma, sem tom acusatório.
- Usar lembretes visuais, listas compartilhadas, reforços positivos.
- Celebrar pequenas conquistas: um compromisso cumprido, um dia produtivo, uma tarefa concluída.
Esses gestos não são “mimos”. São estratégias neurobiologicamente eficazes. O cérebro com TDAH responde melhor à recompensa imediata do que à punição tardia. E isso é ciência, não opinião.
Estrutura é suporte, não vigilância
Criar rotinas, dividir tarefas de forma clara, antecipar mudanças de planos — tudo isso ajuda. Mas é importante manter o respeito pela autonomia. Quem tem TDAH precisa de suporte, não de tutela.
Essa linha é delicada. Mas quando atravessada com empatia, se transforma em parceria real.
Humor: um recurso terapêutico
Transformar os “bugs” do dia a dia em piadas internas pode aliviar tensões. Rir junto das distrações, das falhas e dos esquecimentos é uma forma de construir intimidade e aliviar a culpa.
Humor não resolve tudo. Mas humaniza. E, muitas vezes, aproxima.
Amar alguém com TDAH é aprender um novo idioma
No início, tudo parece confuso. Com o tempo, os sinais fazem sentido. A convivência se torna mais fluida, mais gentil, mais realista.
Amar alguém com TDAH é aceitar que o amor não precisa ser perfeito — apenas possível. Com paciência, curiosidade e estrutura, esse amor pode ser um dos mais profundos que você já viveu.
Se você convive com alguém com TDAH:
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- Lembre-se: você não está sozinho. E, sim, existe um jeito mais leve de viver essa jornada.
Na Clínica Trianon, nosso compromisso é com a saúde integral: consideramos o contexto físico, emocional e social de cada pessoa. Aqui, cada plano terapêutico é desenhado com empatia, escuta ativa e rigor científico.
Estamos prontos para caminhar ao seu lado, oferecendo tratamento adequado para você e para quem você ama, com acolhimento, escuta qualificada e estratégias eficazes que irão permitir o bem estar de todos.
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