VACINAS PARA COVID-19

MARCELA XIMENES BLOG

Dra. Marcela Ximenes
Pneumologista – CRM: 166911

Desde o início da pandemia, por Sars-Cov2 (novo coronavírus), mais de 6milhões de pessoas foram acometidas pela doença, havendo mais de 170mil mortes. Além do grande impacto sobre a saúde e as mortes, houve também uma mudança radical no comportamento coletivo, culminando com aumento de pessoas sofrendo com ansiedade e depressão.

Por essas razões, os tratamentos para a COVID-19 tornaram-se tão desejados. Porém, a grande maioria deles, não teve sua eficácia, para reduzir transmissão ou sintomas, comprovada. Dessa maneira, as vacinas são consideradas promissoras no combate à pandemia.

O tempo médio para produção de uma vacina é em torno de 10 anos, porém, nos últimos nove meses, 49 tipos de vacinas estão sendo testadas em humanos, e mais de 164 tipos em estudos experimentais (com animais ou in vitro), um ritmo acelerado e, sem precedentes na história da medicina.

As vacinas citadas a seguir, foram capazes de gerar proteção e estudos com primatas e em humanos em testes iniciais.  Nenhum dos estudos identificou grandes preocupações de segurança, mas todas as vacinas provocaram efeitos adversos, como: febre, calafrios, dor de cabeça, fadiga, mialgia, dores nas articulações.

-Moderna: vacina de RNAm, administrada por via intramuscular, em duas doses com intervalo de 28 dias. Mostrou eficácia de 94,5%; participaram do estudo aproximadamente 30mil indivíduos entre 18 e 55 anos. Nenhuma preocupação importante com segurança foi relatada. Deve ser conservada a -20 graus, sendo factível mantê-la em geladeira por até um mês. Ainda não há um contrato com o governo brasileiro.

-BioNTech and Pfizer: vacina de RNAm , intramuscular, em duas doses com intervalo de 21 dias . Testada em indivíduos entre 18 e 55 anos. Os efeitos adversos foram dependentes da dose e foram mais comuns após a segunda dose; efeitos graves foram relatados em um pequeno número de participantes com menos de 55 anos, mas não em participantes mais velhos. Mostrou 95% de eficácia, em idosos (>65anos) eficácia >94%. Cerca de 40mil indivíduos participaram do estudo. Deve ser conservada a -70 graus, o que pode ser um grande problema para distribuição, especialmente em locais quentes e distantes. Também não há um contrato com o governo brasileiro.

 -Oxford-AstraZeneca: vacina que utiliza vetor (adenovirus) via intramuscular, em dose única ou repetida com intervalo de 28 dias. Indivíduos entre 18 e 55 anos. Fadiga, dor de cabeça e febre foram relativamente comuns, sendo graves em 8% dos casos. Foram incluídos em outro estudo com essa vacina, indivíduos com >70 anos, sendo a vacina melhor tolerada nessa faixa etária e capaz de gerar anticorpos protetores. Apresentou 70% de eficácia. Participaram desse estudo 20mil indivíduos. Nenhuma hospitalização ou casos graves foram documentados nos grupos de vacinas. A vacina é a mais barata e mais fácil de armazenar e ser transportada, pode ser armazenada em geladeiras comuns. Já há acordo com governo brasileiro para compra de lotes e transferência de tecnologia.

-CoronaVac (Sinovac)– Utiliza o vírus da SARS-CoV-2 inativado associada a uma proteína capaz de aumentar a resposta imunológica ao vírus,  desenvolvida na China. Administrada por via intramuscular em duas doses com 28 dias de intervalo. Está em fase mais atrasada nos estudos (fase II), parece ser segura e capaz de gerar imunidade. Em um ensaio clínico randomizado de fase I / II, controlado por placebo, a vacina parecia segura e imunogênica em indivíduos saudáveis ​​com idade entre 18 e 59 anos. Ela pode ser armazenada em refrigeração padrão (assim como a vacina da gripe) e por até três anos. O governo de São Paulo estabeleceu acordo com a Sinovac em parceria com instituto Butantã.

Embora esses resultados sejam animadores, os estudos ainda não foram concluídos, principalmente quanto aos dados de segurança, que podem ser perceptíveis apenas quando utilizadas em larga escala: duração do efeito da vacina, necessidade de doses adicionais, aplicação em idosos ou pessoas doentes e capacidade de produção e distribuição. A grande meta é encontrar uma “vacina para todos”, e dessa forma controlar a transmissão da COVID-19.