VITAMINA D PREVINE A COVID-19?

JANAINA PETENUCI BLOG

Dra. Janaína Petenuci
Médica Endocrinologista – CRM 166420

Recentemente o Jornal italiano, “La Reppublica” publicou uma matéria sobre um estudo realizado na Universidade de Turim, o qual relaciona a hipovitaminose D a Covid-19, uma vez que parte dos pacientes com o vírus apresentavam níveis baixos de 25-hidroxi-vitamina D (25OHD). Baseado neste achado, a reportagem sugere que a vitamina D poderia atuar na prevenção e no tratamento ao COVID-19.

Este estudo ainda não foi publicado em nenhuma revista científica, não tendo sido disponibilizados os dados mais relevantes como número de participantes, idade dos pacientes e os níveis de 25OHD no sangue. Esta associação NÂO determina causalidade, ou seja, NÃO indica relação de causa x efeito, e NENHUM estudo clínico randomizado já demostrou qualquer benefício do uso de vitamina D para prevenção ou tratamento da Covid-19.

Estudos científicos comprovam que a vitamina D tem papel no tratamento da osteomalácia, como coadjuvante no tratamento da osteoporose. Outra função que ainda é discutida por especialistas, seria na redução de infecções respiratórias agudas. Nenhum estudo comprovou um papel da vitamina D na prevenção ou cura da Covid-19.

Qual a forma correta de tomar sol para aumentar a síntese de vitamina D? 

Para uma síntese adequada de vitamina D é necessário expor ao sol, diariamente, uma extensão da superfície corpórea de pelo menos seis centímetros por um período de 15 a 20 minutos, dependendo do horário do dia. Se esta superfície corporal estiver com protetor solar (Fator 8 ou maior) ou coberta com roupa, a síntese da vitamina D é bloqueada. Os raios ultravioletas devem tocar diretamente a pele, sem nenhuma barreira.

Existem alimentos que fornecem Vitamina D? Quais?

As quantidades de vitamina D são escassas e presentes em poucos alimentos, a exemplo de algumas espécies de peixes como salmão e sardinha e alguns tipos de cogumelos.

Quais consequências uma baixa dosagem de vitamina D no organismo pode causar?

A hipovitaminose D, quando em níveis muito baixos, leva a uma alteração na mineralização óssea podendo evoluir para uma doença osteometabólica chamada osteomalácia, que é caracterizada por dor óssea e fraqueza muscular intensas associadas ao risco aumentado de fraturas.

A condição pode levar, ainda, a uma situação clínica chamada hiperparatireoidismo secundário, definida pela elevação do paratormônio (PTH), que induz o aumento da remodelação óssea, perda óssea e osteoporose. Essa situação é frequente em idosos e em pacientes após cirurgia bariátrica.

Em gestantes, a hipovitaminose D foi relacionada com o aumento de complicações como pré-eclampsia e desfechos de prematuridade. Muitos estudos de associação demonstraram uma relação entre hipovitaminose D e infecção respiratória.

Quais os problemas que a vitamina D em excesso pode ocasionar?

Altas doses de vitamina D levam ao seu aumento nos níveis sanguíneos e a uma potencialização das suas ações fisiológicas. Entre essas ações está o aumento da remodelação do esqueleto e, com isso, perda óssea e ampliação da chance de fraturas.

Pode ocorrer também aumento da absorção intestinal de cálcio, gerando a hipercalcemia, que é a elevação do cálcio no sangue. O cálcio alto causa sintomas inespecíficos como fadiga, náuseas, vômitos e até situações mais graves, a exemplo de insuficiência renal aguda, crises convulsivas e coma.

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (ABRASSO) repudiam essas recomendações de vitamina D, sem fundamento científico.

REFERÊNCIAS

https://www.endocrino.org.br/nota-de-esclarecimento-vitamina-d-e-covid-19/

https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/04/05/zinco-e-vitamina-d-tem-papel-na-imunidade-mas-nao-protegem-do-coronavirus.htm