MENOPAUSA: você tem medo de fazer reposição hormonal feminina?

JANAINA PETENUCI BLOG

Dra. Janaina Petenuci
Endocrinologista – CRM 166420

O que é menopausa?

menopausa é a fase em que os ovários da mulher, em média, a partir dos 50 anos, param de produzir os hormônios do ciclo menstrual, estrogênio progesterona.

 É muito comum, que as mulheres comecem a perceber os primeiros sintomas a partir dos 45 anos. A parada das menstruações, ondas de calor e suores noturnos, insônia, diminuição no desejo sexual, irritabilidade, depressão, osteoporose, ressecamento vaginal, dor durante o ato sexual e diminuição da atenção e memória, tornam essa fase indesejada. Mas cabe ressaltar que esses sinais podem variar de mulher para mulher.

 

Quais os tratamentos para a paciente?

O tratamento para mulheres na menopausa, que pode ajudar na melhora dos sintomas, pode ser dividido em medicamentoso e comportamental:

-As pacientes se beneficiam bastante de mudança no estilo de vida como alimentação saudável, prática regular de exercícios físicos, diminuição de peso, cessação de tabagismo ou abuso de álcool, evitando alimentos picantes e redução do estresse.

-O tratamento medicamentoso precisa ser avaliado individualmente e pode ser realizado com auxilio de reposição hormonal.

O que é reposição hormonal?

Terapia de reposição hormonal é um tratamento que consiste na utilização dos hormônios, que param de ser produzidos pelos ovários, estrogênio e progesterona. 

No Brasil, um levantamento da Universidade Estadual de Campinas revela que, 19,5% das brasileiras fazem ou já fizeram o tratamento. Em 2003, esse número era 37%.

O medo dos riscos, aliás, é o que tem feito muitas mulheres fugirem da terapia – situação que ganhou holofotes quando um estudo americano constatou, em 2002, uma associação entre a reposição e o câncer de mama e doenças cardiovasculares.

O estrogênio é o hormônio responsável pela melhora dos sintomas, mas pacientes que têm útero devem utilizar também a progesterona para prevenção do câncer de endométrio. Estrogênios podem ser utilizados também por via vaginal, para aliviar os sintomas locais de ressecamento e desconforto às relações sexuais. Pacientes que realizaram histerectomia (retirada do útero) podem realizar a reposição hormonal somente com estrogênios. 

As doenças cardiovasculares e a osteoporose também podem ser prevenidas com o tratamento, já que melhora a quantidade do cálcio no esqueleto, age beneficamente nos níveis do colesterol bom (HDL) e diminui a possibilidade de doença coronariana.

Quais os efeitos colaterais da reposição?

A terapia hormonal é contraindicada em história atual ou suspeita de carcinoma invasivo de mama, em alterações pré-malignas de mama e carcinoma ductal in situ; na insuficiência hepática, trombose venosa profunda atual ou pregressa, embolia pulmonar, história de distúrbio da coagulação, no tromboembolismo arterial ativo ou recente, história de câncer dependente de estrogênio atual, suspeito ou não tratado (inclui cânceres endometriais e de mama), doenças cardiovasculares (como infarto agudo do miocárdio) ou cérebro vasculares (como AVC) atuais ou na história.

Mesmo as contraindicações devem ser encaradas de forma cuidadosa e individualizada, visto que, muitas delas, foram elaboradas partindo de um suposto risco teórico, portanto, não devem ser encaradas como absolutas, quando há possibilidade de melhorar a qualidade de vida da paciente.

Outro fator importante a ser considerado é a tolerabilidade à terapia. Os efeitos colaterais incluem mastodinia (dor na mama), edema (inchaço), ansiedade, polifagia (comer em excesso), flatulência, ansiedade, cefaleia, alteração de humor e sangramentos uterinos anormais.

Os malefícios da terapia hormonal, por sua vez, incluem o aumento da incidência de câncer de mama (risco maior de 1,24 a 2,74 vezes após 2 a 5 anos de uso), aumento da mortalidade por doença arterial coronariana (quando a terapia é iniciada após 10 anos da menopausa ou após 60 anos da paciente; terapia iniciada antes disso possui efeito protetor), aumento do risco de AVC, incremento em 2 vezes do risco de TVP e embolia pulmonar.

Conclusão

            A terapia hormonal continua sendo uma boa opção de tratamento, mas que exige uma avaliação cuidadosa de riscos e benefícios. Consulte seu médico e faça uma avaliação minuciosa e tenha mais qualidade de vida.