Esclarecendo a Diabetes

JANAINA PETENUCI BLOG

Dra. Janaina Petenuci
Endocrinologista – CRM 166420

Todos os posts

A Diabetes é uma doença crônica na qual o corpo não produz insulina ou não consegue empregar adequadamente a insulina que produz. Sua ausência implica em nível alto de glicose no sangue – hiperglicemia –, podendo haver danos em órgãos, vasos sanguíneos e nervos. Mas o que é insulina? É um hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue. O corpo precisa desse hormônio para utilizar a glicose, que obtemos por meio dos alimentos, como fonte de energia. Se esse quadro permanecer por longos períodos, poderá haver danos em órgãos, vasos sanguíneos e nervos.

Hoje, no Brasil, há mais de 13 milhões de pessoas vivendo com diabetes, o que representa 6,9% da população. E esse número está crescendo e muita gente até desconhece que possui a doença. Conheça os tipos mais comuns abaixo:

• Diabetes tipo 2: , bem mais comum, ocorre quando o organismo tem sua produção de insulina progressivamente reduzida, associada à uma resistência à ação dela, no corpo, ou seja, como o corpo processa o açúcar do sangue (glicose). Cerca de 90% das pessoas com diabetes têm o Tipo 2. Obesos, hipertensos e pessoas com alterações nos lipídios estão no grupo de alto risco.
o Quais são os fatores de risco?
• Pressão alta
• Alto nível de LDL (‘mau’ colesterol) e triglicérides; e/ou baixo nível de HDL (‘bom’ colesterol)
• Sobrepeso, principalmente se a gordura se concentrar em torno da cintura
• A combinação de pré-diabetes (ou diabetes) com o tabagismo
• História Familiar de diabetes
• Diabetes gestacional

• Diabetes tipo 1: o sistema imunológico ataca por engano as células do pâncreas, fazendo com que pouca ou nenhuma insulina seja produzida. Concentra entre 5 e 10% do total de pessoas com a doença.
O diabetes tem um componente genético e pode iniciar espontaneamente durante a infância ou adolescência (tipo 1), durante a vida adulta (tipo 2).

Entre o Tipo 1 e o Tipo 2, foi identificado ainda o Diabetes Latente Autoimune do Adulto (LADA). Algumas pessoas que são diagnosticadas com o Tipo 2 desenvolvem um processo autoimune e acabam perdendo células beta do pâncreas.

• Pré-diabetes: o termo é usado quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos do que o normal, mas não o suficiente para um diagnóstico de diabetes. 50% dos pacientes nesse estágio ‘pré’ vão desenvolver a doença. Apenas 30% dos pacientes têm informações sobre essa condição.

• Diabetes gestacional: Altos níveis de açúcar no sangue que afetam gestantes. A placenta reduz a ação da insulina, o que é compensada pela ação do pâncreas. No entanto, em algumas mulheres esta compensação não ocorre, fazendo com elas desenvolvam diabetes gestacional. A mulher fica com uma quantidade maior do que o normal de açúcar no sangue, que, normalmente, se equilibra sozinha, depois que o bebê nasce. Ela afeta entre 2 e 4% de todas as gestantes e implica risco aumentado do desenvolvimento posterior de diabetes para a mãe e o bebê

o Quais são os fatores de risco?
• Idade materna mais avançada
• Ganho de peso excessivo durante a gestação
• Sobrepeso ou obesidade
• Síndrome dos ovários policísticos
• História prévia de bebês grandes (mais de 4 kg) ou de diabetes gestacional
• História familiar de diabetes em parentes de 1º grau (pais e irmãos)
• História de diabetes gestacional na mãe da gestante
• Hipertensão arterial na gestação
• Gestação múltipla (gravidez de gêmeos).

O controle do diabetes gestacional é feito, na maioria das vezes, com a orientação nutricional adequada. Para cada período da gravidez, uma quantidade certa de nutrientes. A prática de atividade física é outra medida de grande eficácia para redução dos níveis glicêmicos. A atividade deve ser feita somente depois de avaliada se existe alguma contraindicação. Aquelas gestantes que não chegam a um controle adequado com dieta e atividade física, têm indicação de associar uso de insulinoterapia.

O diagnóstico pode vir sem grandes sacrifícios. Um simples exame de sangue pode revelar se você tem diabetes. Com uma gotinha de sangue e três minutos de espera, já é possível saber se há alguma alteração na taxa de glicemia. Caso a alteração seja considerável, será necessária a realização de outros exames, mais aprofundados.

Uma das coisas mais importantes do tratamento é controlar o nível de glicose no sangue, para evitar complicações. A medição pode ser feita por meio de um monitor de glicemia ou por meio sensores de glicemia. Os dois tipos de aparelho devem ser adquiridos e usados com orientação da equipe multidisciplinar. É importante seguir as orientações para que a medição seja feita nos horários corretos, nas situações corretas e com a frequência ideal. Com esses dados, é possível tomar as melhores decisões. É importante anotar ou registrar esses dados em aplicativos gratuitos para o celular. Assim, vai ser possível perceber claramente a interação entre os medicamentos, a atividade física, a alimentação e o modo como você está se sentindo.
• A glicemia normal em jejum não deverá ultrapassar os 100 mg/dL
• Duas horas após uma refeição, a glicemia não deverá ultrapassar 140 mg/dL

Todas as pessoas, tendo ou não diabetes, devem ter uma alimentação saudável, regulando a quantidade de doces e gordura ingeridos. E fazer um planejamento alimentar é fundamental para ajudar a tornar essa rotina funcional. Os exercícios físicos regulares também ajudam a baixar as taxas de glicemia. Quando você gasta energia, o organismo usa o açúcar do sangue em velocidade maior. Caminhadas e percursos de bicicleta podem ser ótimas opções.