COVID-19: Cuidados com os pacientes com obesidade

JANAINA PETENUCI BLOG

Dra. Janaína Petenuci
Médica Endocrinologista – CRM 166420

O isolamento e as consequentes alterações psicológicas têm facilitado o aumento de peso em pessoas propensas a ganhar peso pela inatividade física e pelo estresse e depressão. Além disso, pacientes com indicação do tratamento cirúrgico da obesidade tem enfrentado o fechamento parcial ou total dos serviços de cirurgia bariátrica em todo o mundo.

Nos últimos anos a participação da flora intestinal na regulação do nosso metabolismo e de nossa imunidade vem ganhando destaque. A RPI (resistência periférica à insulina) é tanto causa como consequência da proliferação desproporcional de cepas bacterianas mais patogênicas, que aumentam o estado pró-inflamatório e interferem em diversos eixos hormonais. O mesmo se diz do efeito destas bactérias comprometendo a barreira imunológica do epitélio gastrointestinal, sendo este dado relevante, especialmente quando se demonstrou a presença de partículas virais do COVID-19 em amostras coletadas em fezes de alguns pacientes.  

Outra questão importante é a hipovitaminose D, comum em indivíduos com maior componente de gordura corporal, em idosos e, agora agravada pelo isolamento domiciliar, pela menor exposição solar. Diversos estudos demonstram o papel da vitamina D na imuno-modulação, e sua deficiência tem sido associada a maior risco de infecções respiratórias por diversos agentes infecciosos. Entretanto, o excesso de vitamina D pode ter efeito deletério para os rins e para o sistema cardiovascular, sendo portanto, sua reposição realizada com parcimônia, sempre obedecendo o julgamento criterioso da equipe médica.

Finalmente, alguns aspectos sociais vem contribuindo para a piora do quadro clínico nos pacientes portadores de Síndrome Metabólica, como os quadros de transtorno do humor frente à nova situação e a necessidade de isolamento por longos períodos; os distúrbios do sono, com prejuízo da fase REM (fase do sono na qual ocorrem os sonhos mais vívidos) de reparação celular; a adoção de uma dieta de pior qualidade, carente em vegetais e legumes, e excessiva em alimentos industrializados; redução das consultas ambulatoriais de rotina, para ajustes terapêuticos; e a baixa adesão à atividade física, quando se sabe que a atividade aeróbica moderada é um excelente modo de melhorar a resposta imunológica, de reduzir a manifestação inflamatória, e de aumentar a sensibilidade periférica à insulina, entre outros benefícios.

REFERÊNCIAS: