OBESIDADE E INFERTILIDADE MASCULINA

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Dr. Luiz Eduardo Caloete Ximenes
Médico Urologista – 166873/SP

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Dra. Janaína Petenuci
Médica Endocrinologista – CRM 166420

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Dra. Gabriela Laiber
Nutricionista – CRN3/ 54141/P

O hipogonadismo masculino relacionado a obesidade (MOSH) é resultante de falha testicular em produzir níveis fisiológicos de testosterona e/ou número normal de espermatozoides, devido a disfunção de um ou mais componentes do eixo hipotálamo- hipofisário-testicular. Está presente em torno de 64% dos pacientes homens com obesidade.

Os pacientes com hipogonadismo raramente apresentarem queixas sexuais, mas a infertilidade é o sintoma mais específico desse quadro, correspondendo a mais de 50% dos casos de infertilidade do homem. Um sintoma muito relatado é a fadiga, desânimo e falta de energia,

Para o diagnóstico é importante uma avaliação laboratorial detalhada do eixo gonadotrófico, para diferenciação entre hipogonadismo orgânico e funcional. O orgânico tem como etiologia causas genéticas ou lesão estrutural, já o funcional é causado por doenças crônicas como a obesidade.

No tratamento dos homens inférteis na urologia a obesidade é um ponto bastante importante para o tratamento. Uma quantidade substancial de homem inférteis tem obesidade. Esta relação é demonstrada em vários artigos científicos que mostram que a qualidade do sêmen piora com o grau de obesidade do paciente.

Quando analisamos a quantidade de espermatozoides, os pacientes obesos apresentam uma quantidade reduzida, com 3 vezes mais chance de possuir contagem de espermatozoides inferior a ideal. Nos casos mais graves quando há ausência de espermatozoide (azoospermia) ou diminuição da quantidade de espermatozoides (oligozoospermia), os pacientes obesos são a maioria.

Estudos apontam que a cada 3 pontos no IMC a taxa de sucesso de gravidez cai 12%. Além dos pontos citados acima, a obesidade também atua alterando a capacidade do DNA, tornando susceptível a má qualidade da constituição genética do espermatozoide. As alterações físicas do paciente obeso também podem causar aumento da temperatura dos testículos (prejudicando a maturação dos espermatozoides) e disfunção erétil.

A obesidade tem impacto no DNA, os danos ao DNA e várias modificações epigenéticas transmitidas pelo esperma podem influenciar na saúde dos fetos. A integridade do DNA do esperma é um fator importante que é diretamente afetado em homens obesos. O possível mecanismo pelo qual a obesidade prejudica a integridade do DNA dos espermatozoides é induzindo o estresse oxidativo.

A obesidade pode estar contribuindo  negativamente na reprodução por meio de mecanismos hormonais devido ao aumento da insulina e alteração no eixo hipotálamo-hipófise-gonadal com diminuição dos hormônios folículo estimulante e luteinizante e consequentemente da testosterona, a qual níveis adequados de testosterona intratesticular são pré requisitos para o processo de espermatogênese, como também, aumento dos níveis de estrogênio, devido a maior produção da enzima aromatase pela célula adiposa. A infertilidade masculina também é agravada por outros mecanismos consequentes da obesidade, como disfunção erétil, apneia do sono, estresse, inflamação devido ao aumento de espécies reativas de oxigênio (ROS) o qual pode resultar em níveis elevados de fragmentação do DNA do esperma, como também aumento do calor testicular, que cumulativamente pode ter efeitos prejudiciais substanciais na espermatogênese.    

A perda de peso associada a uma alimentação saudável e equilibrada que forneça nutrientes pode melhorar a qualidade do sêmen, particularmente a motilidade do espermatozoide, com isso, aumenta a probabilidade de gravidez e nascimento. Alguns desses efeitos são explicados pela eliminação direta de ROS por alguns antioxidantes. São alguns exemplos: Vitamina C, Vitamina E, Betacaroteno, Selênio e Zinco.  Importante lembrar que a indicação de cada alimento ou suplemento, a quantidade de ingestão, e frequência devem ser individualizadas e orientadas por um nutricionista. Além disso, em certos casos para intensificar a perda de peso e melhora metabólica, podemos utilizar de medicamentos para obesidade e/ou cirurgia bariátrica.

Pacientes jovens que desejam fertilidade nos próximos 6 a 12 meses a terapia com testosterona não é recomendada. Homens que não têm certeza sobre os planos futuros de conceber filhos podem querer armazenar seus espermatozóides, caso eles não forem azoospermicos. Estudos não controlados mostram que a terapia com gonadotrofina pode reiniciar a espermatogênese em homens com hipogonadismo hipogonadotrópico que foram tratados anteriormente com terapia de reposição testosterona.  Nem todos os homens hipogonadais são necessariamente inférteis; uma análise de sêmen pode ser realizada antes do início do tratamento para determinar se a contracepção é necessária (1).

Atenção: Esses alimentos NÃO substituem a terapia medicamentosa prescrita! Eles auxiliam para uma melhor resposta ao tratamento!

REFERÊNCIAS:

Kahn, Barbara E.; Brannigan, Robert E. (2017). Obesity and male infertility. Current Opinion in Urology, (), 1–. doi:10.1097/MOU.0000000000000417

Nassan, Feiby L.; Chavarro, Jorge E.; Tanrikut, Cigdem (2018). Diet and men’s fertility: does diet affect sperm quality?. Fertility and Sterility, 110(4), 570–577. doi:10.1016/j.fertnstert.2018.05.025

1.         Bhasin S, Brito JP, Cunningham GR, Hayes FJ, Hodis HN, Matsumoto AM, et al. Testosterone Therapy in Men With Hypogonadism: An Endocrine Society Clinical Practice Guideline. J Clin Endocrinol Metab. 2018;103(5):1715-44.